Cada etapa do processo de desenvolvimento de um medicamento humano ou produto veterinário resulta em uma melhoria de sua qualidade, eficácia e segurança até que o processo de otimização seja concluído, resultando no produto final.
É sensato gerar informações sobre a estabilidade do produto durante todo o processo de desenvolvimento e expansão. Três estágios principais no desenvolvimento de um medicamento podem ser identificados a partir de um ponto de vista de estabilidade:
O estágio inicial de desenvolvimento, no qual os estudos de estabilidade são projetados para fornecer uma visão sobre possíveis problemas de estabilidade relacionados ao produto;
O estágio de lote piloto, no qual os estudos de estabilidade confirmam que o processo pode ser operado em grande escala para fabricar lotes dentro da especificação e com propriedades uniformes;
O estágio final da manufatura do produto final, em que os estudos de estabilidade são projetados para fornecer informações contínuas que suportam a prateleira.
De acordo com a FDA, “o objetivo do teste de estabilidade é fornecer evidências de como a qualidade de uma droga ou medicamento varia com o tempo sob a influência de uma variedade de fatores ambientais, como temperatura, umidade e luz, e estabelecer um período de reteste para a substância medicamentosa ou uma vida útil para o medicamento e condições de armazenamento recomendadas.”
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define estabilidade farmacêutica como a capacidade do produto farmacêutico manter a suas propriedades químicas, físicas, microbiológicas e
dentro dos limites especificados durante todo o seu prazo de validade.
Em outras palavras, o teste de estabilidade avalia como o medicamento se decompõe, degrada ou forma novas substâncias com o tempo sob uma variedade de condições.
Em geral, a maioria dos testes de estabilidade deve ser realizado de acordo com o preconizado pelo VICH, EMA, FDA, ANVISA e MAPA.
Frequentemente, condições extremas são usadas para acelerar programas de estabilidade. Essas condições permitem que os dados sejam gerados mais rapidamente, o que acelera o processo de desenvolvimento. Em última análise, os dados gerados são usados para determinar quanto tempo a droga mantém seu efeito terapêutico e se quaisquer degradantes encontrados são potencialmente perigosos se ingeridos.
A estabilidade dos produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como temperatura, umidade, luz e de outros fatores relacionados ao próprio produto como propriedades físicas e químicas, de substâncias ativas e excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação, tipo e propriedades dos materiais de embalagens.
Com afinalidade de garantir a integridade química, física, microbiológica, terapêutica e toxicológica do fármaco e da forma farmacêutica dentro dos limites especificados, sob influência dos fatores ambientais em função do tempo, são preconizados estudos de estabilidade.
A estabilidade divide-se em física, química, microbiológica, terapêutica e toxicológica. E os estudos de estabilidade dividem-se em estudo acelerado, de acompanhamento e de longa duração.
A estabilidade divide-se em física, química, microbiológica, terapêutica e toxicológica. E os estudos de estabilidade dividem-se em estudo acelerado, de acompanhamento e de longa duração.
Tipos de estudos
ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADO
Estudo projetado para acelerar a degradação química e/ou mudanças físicas de um produto farmacêutico em condições forçadas de armazenamento. Os dados assim obtidos, juntamente com aqueles derivados dos estudos de longa duração, podem ser usados para avaliar efeitos químicos e físicos prolongados em condições não aceleradas e para avaliar o impacto de curtas exposições a condições fora daquelas estabelecidas no rótulo do produto, que podem ocorrer durante o transporte.
ESTUDO DE ESTABILIDADE ACOMPANHAMENTO
Estudo realizado para verificar que o produto farmacêutico mantém suas características físicas, químicas, biológicas, e microbiológicas conforme os resultados obtidos nos estudos de estabilidade de longa duração.
ESTUDO DE ESTABILIDADE DE LONGA DURAÇÃO
Estudo projetado para verificação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas de um produto farmacêutico durante e, opcionalmente, depois do prazo de validade esperado.
O que é necessário para realizar um bom teste de estabilidade:
Preliminarmente é necessário estudar qual método se adequa à natureza do fármaco ou substância e buscar ou desenvolver a metodologia para o estudo definido. Para tanto, é necessário criar um Protocolo de Estabilidade definindo todas as etapas do processo.
1.Condições de armazenamento aproriadamente controladas;
2. Fotossabilidade;
3. Métodos Analíticos Validados;
4.Caracterização das Substâncias;
5.Identificação de Impurezas;
6.Análise Estatística.
Técnicas analíticas que podem ser utilizadas para estudos de estabilidade, de acordo com a substância e metodologia analítica:
Cromatografia - HPLC, LC/MS, LC/MS/MS, GC/MS, GC/FID, GC/TCD, GPC/SEC
Espectroscopia - ICP-MS, RMN, MS, PXRD, TF-XRD, UV-Vis, FTIR, Raman
Microscopia - SEM, TEM, AFM, STM, LSCM
Outras - TGA, DSC, TOC, área de superfície de BET / analisador do tamanho de poro
Nos próximos post´s falaremos detalhadamente sobre os Estudos de Estabilidade para Medicamentos Humanos em seguida, sobre os Estudos de Estabilidade de Produtos Veterinários, legislações preconizadas e principais desafios.
Referências:
VICH GL8 -Pré-misturas de estabilidade (2001);
VICH GL4 - Anexo às diretrizes do VICH sobre testes de estabilidade ´novos medicamentos e produtos (2000);
VICH GL3 - Teste de estabilidadede novas substâncias medicamentosas e produtos veterinários. (2008 - em revisão);
VICH GL5 - Teste de estabilidade e fotoestabilidade de novas substâncias e produtos farmacêuticos. (2000);
VICH GL10 - Impurezas em novas substâncias de medicamentos veterinários (2008 em revisão);
VICH GL 11 - Impurezas em produtos veterinários (2008 - revisão);
VICH GL 18 -Solventes Residuais em novos medicamentos veterinários, substâncias ativas e excipientes (2012 - revisão);
VICH GL39 - Procedimentos de teste e critérios de aceitação para novas substâncias medicamentosas e novos medicamentos: substâncias químicas + árvore de decisão;
ALLEN Jr. LV. Farmacotécnica: formas farmacêuticas & sistemas de liberação de fármacos. 8. ed. Porto Alegre: Artmed; 2007. P. 775.
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